Cair em um buraco negro pode não ser tão definitivo quanto parece. Ao invés da morte certa,
aplique a teoria quântica da gravidade a esses objetos bizarros, e a
singularidade de esmagamento total em seu núcleo desaparece. Em seu
lugar, surge algo que se parece muito com um ponto de entrada para um
outro universo.
Embora muito provavelmente nenhum ser humano vá cair em um buraco
negro tão cedo, imaginar o que aconteceria neste caso é uma ótima
maneira de sondar alguns dos maiores mistérios do universo.
Mais recentemente, isso levou a algo conhecido como o “paradoxo da informação em buracos negros”.
Segundo a teoria da relatividade geral de Albert Einstein, se um
buraco negro lhe engolir, suas chances de sobrevivência são nulas.
Primeiro, você será dilacerado pelas forças do buraco negro, um processo
chamado caprichosamente de “espaguetificação”. Eventualmente, você
atingirá a singularidade, onde o campo gravitacional é infinitamente
forte. Nesse ponto, você será esmagado a uma densidade infinita.
Infelizmente, a relatividade geral não fornece nenhuma base para
descobrir o que acontece em seguida. “Quando você chegar à singularidade
na relatividade geral, a física simplesmente para, as equações
quebram”, explica Abhay Ashtekar, da Universidade Estadual da
Pensilvânia (EUA).
O mesmo problema surge quando se tenta explicar o Big Bang, que os
cientistas acreditavam ter começado com uma singularidade. Então, em
2006, Ashtekar e seus colegas aplicaram a teoria da gravidade quântica
em loop para o nascimento do universo. Essa teoria combina a
relatividade geral com a mecânica quântica e define o espaço-tempo como
uma “teia” de blocos indivisíveis de cerca de 10 a 35 metros de tamanho.
A equipe descobriu que, conforme eles “rebobinavam” o tempo em um
universo com gravidade quântica em loop, chegaram ao Big Bang, mas não
chegaram a nenhuma singularidade – em vez disso, atravessaram uma “ponte
quântica” em um outro universo mais velho. Esta é a base para a teoria
do “grande salto” (Big Bounce, em inglês) das origens do nosso universo.
Gravidade quântica e Buracos Negros
Agora, Jorge Pullin da Universidade Estadual de Louisiana (EUA) e
Rodolfo Gambini da Universidade da República em Montevidéu (Uruguai)
aplicaram a teoria em uma escala muito menor – a um buraco negro
individual – na esperança de remover essa singularidade também.
Para simplificar as coisas, o par aplicou as equações da teoria a um modelo de buraco negro simétrico, esférico e não rotativo.
Neste novo modelo, o campo gravitacional ainda aumenta à medida que
você se aproxima do núcleo do buraco negro. Mas, ao contrário dos
modelos anteriores, não termina em uma singularidade. Em vez disso,
eventualmente reduz a gravidade, como se você saísse do outro lado do Buraco Negro e pousasse em outra região do nosso universo, ou em outro
universo completamente diferente.
Os pesquisadores acreditam que a mesma teoria poderia banir singularidades de Buracos Negros reais também.
Isso significa que os buracos negros podem servir como portais para
outros universos. Enquanto outras teorias já haviam mencionado isso, até
agora nada poderia passar por esse suposto portal, devido à
singularidade.
Futuro da descoberta
É pouco provável que a remoção da singularidade seja de uso prático
imediato, mas a descoberta poderia, de fato, ajudar a resolver pelo
menos um dos paradoxos envolvendo buracos negros: o problema da perda de informação.
Buracos negros absorvem informação juntamente com a matéria que
engolem, mas também devem evaporar com o tempo. Isso faria com que essa
informação desaparecesse para sempre, desafiando a teoria quântica. Mas,
se um Buraco Negro não tiver singularidade, as informações não precisam
ser perdidas – podem simplesmente fazer seu caminho até um outro
universo.
Fonte: HypeScience
Fonte: HypeScience
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