A Europa vai liderar a missão espacial mais ambiciosa já realizada para estudar o comportamento do sol.
Com lançamento previsto para 2017, a sonda Solar Orbiter operará a uma distância de apenas 42 milhões de quilômetros da nossa estrela – mais perto do que qualquer nave espacial já chegou do sol.
A proposta da missão foi formalmente aprovada pela Agência Espacial Europeia (ESA) e seus Estados membros na terça-feira.
A agência espacial americana NASA vai participar, fornecendo dois instrumentos para a sonda e o foguete para enviá-lo ao sol.
Os membros da ESA, reunidos em Paris, também selecionaram uma missão para investigar dois dos grandes mistérios da cosmologia moderna – a matéria escura e a energia escura.
Os cientistas estão convencidos de que esses fenômenos dominam e moldam o universo, mas sua natureza até agora tem escapado de qualquer explicação satisfatória.
O telescópio Euclides irá mapear a distribuição das galáxias para tentar descobrir algo novo sobre estes enigmas escuros.
No entanto, essa missão ainda precisa ultrapassar alguns obstáculos legais e sua aprovação formal não é esperada até o próximo ano. Um lançamento poderia ocorrer em 2019.
As duas missões surgiram a partir do exercício “Cosmic Vision” da ESA, que planeja missões até 2025.
Elas foram selecionadas após quatro anos de debate e definição envolvendo pesquisadores e engenheiros de toda a Europa.
As missões foram defendidas em concorrência direta com outras ideias de missão convincentes, incluindo uma proposta de um telescópio caça-planeta chamado Platão.
O Solar Orbiter foi sempre considerado um favorito na corrida. O conceito havia sido desenvolvido na década de 1990, e assim as tecnologias requeridas eram talvez mais bem compreendidas do que muitos de seus rivais.
Sua missão será certamente desafiadora, uma vez que tenta adquirir medições das partículas energéticas e campos magnéticos encontrados perto da nossa estrela.
A sonda irá fornecer visões notáveis das regiões polares do sol. Sua órbita elíptica será ajustada de tal forma que pode seguir a rotação da estrela, o que lhe permite observar uma área específica muito além do que é atualmente possível.
O Solar Orbiter estará olhando para o “forno”. O funcionamento principal da nave espacial terá que se esconder atrás de um escudo para protegê-lo contra temperaturas superiores a 500 graus.
A missão, além de tirar fotos espetaculares do sol, vai ajudar a desvendar mistérios como o vento solar e as ejeções de massa coronal – ninguém sabe exatamente de onde esses grandes lançamentos de material estão vindo, e precisamente como são gerados. O Solar Orbiter pode nos ajudar a entender isso.
Já o Euclides irá mapear a propagação de galáxias e aglomerados de galáxias com mais de 10 bilhões de anos de história cósmica.
Seus detectores ópticos e infravermelhos olharão profundamente para o espaço, para ver como a luz de galáxias muito distantes é sutilmente distorcida pela intervenção invisível da matéria escura.
Ele também irá mapear a distribuição tridimensional de galáxias. Os padrões nos vazios grandes que existem entre essas galáxias podem ser usados como uma espécie de “critério” para sondar a expansão do cosmos através do tempo – uma expansão que parece estar acelerando como consequência de alguma propriedade desconhecida do próprio espaço, referida pelos cientistas como energia escura.
O Euclides dará uma visão sobre como as estruturas do universo crescem e se elas estão crescendo a uma taxa que esperamos da Relatividade Geral.
Além de tudo isso, Euclides também deve fornecer uma imagem do universo com clareza, detectando bilhões de objetos para estudo.
Fonte: HypeScience